Através do monitoramento de redes sociais, a análise a seguir reflete sobre as mudanças na rotina dos brasileiros e os impactos da pandemia Covid-19, especialmente para consumidores do setor Comidas & Bebidas. E, de que forma as marcas podem ser preparar para gestão de crise neste novo cenário.
Apesar de os aprendizados estarem focados neste cenário, as conclusões e metodologia podem e devem ser aplicados em diferentes momentos de crise. Acompanhe.
- Nova realidade de pandemia
- Aprender a se adaptar
- Ouvir as vozes que ressoam
- O futuro
Sem precedentes, a pandemia Covid-19 se mostrou uma das maiores crises da humanidade, afetando os mais variados setores: do consumo, saúde até funerário e lazer. As medidas tomadas para o combate mostraram que muitos comportamentos até então tidos como comuns e normais merecem ser revisitados e alterados.
Para o setor de comidas e bebidas, sabemos que, segundo o IBOPE Inteligência, no início da pandemia houve um movimento de compra de produtos ligado ao interesse de estocagem. Alimentos apareceram em primeiro lugar, representando 27% – superando produtos de higiene pessoal, de casa, medicamentos e até mesmo água. E isso se refletiu, posteriormente, na mudança de outros comportamentos, como o aumento de refeições feitas para 43% dos brasileiros e até mesmo aumento na prática de cozinhar (33% dos públicos) – por dados da Opinion Box.
Em paralelo, se o grande desafio da humanidade frente ao coronavírus é conseguir se adaptar e combatê-lo mirando em danos mínimos; para as marcas, os aprendizados com crises vêm em congruência com esse objetivo.
Crises são inerentes à operação de qualquer empresa, mapeá-las, analisá-las e aprender constantemente é o que torna possível a diminuição de seu impacto no negócio. Em situações extremas, o poder de se adaptar e acompanhar as novas necessidades e interesses do mercado é carta coringa. Temos, assim, a importância de ouvir a voz da sociedade e de semelhantes que passaram por situações parecidas.
Acompanhe a evolução do seu cliente e adapte-se
O tom utilizado pelos consumidores está sempre se alterando. Entender as mudanças de sentimento tornam o posicionamento da empresa igualmente mutável e adaptável.
Antes da pandemia, por exemplo, entre os serviços adquiridos pela internet, apenas 16% dos brasileiros solicitavam refeições de restaurantes, segundo dados do IBOPE Inteligência.
Agora, por exemplo, a média de conteúdos com o termo “delivery” registrou um aumento de 367% entre os últimos 30 dias e o mês anterior.
Segurança e conforto em tempos de quarentena são os grandes impulsionadores deste movimento.
O resultado já foi possível ver nesta Páscoa, em que 45% dos anúncios de vendas de produtos indicavam métodos de entrega que facilitavam a compra do usuário.
Por outro lado, o número de reclamações sobre o serviço também aumentou, pouco mais de 9%. Falhas na forma de pagamento, erros nos pedidos e tempo de entrega são mais citados.
Entenda o contexto e a realidade dos consumidores
Os motivos, desejos e interesses de consumo podem mudar ao longo do percurso, influenciados por correntes ideológicos, comportamentos de indivíduos-chave, outras culturas, etc.
Segundo a Opinion Box, 43% dos brasileiros passaram a comer mais por causa da quarentena, sendo que dos produtos mais comprados 24% estão dentro de uma dieta mais saudável com frutas, verduras e legumes.
Não que o movimento de manter uma alimentação mais saudável fosse novidade, mas sim, foi impulsionado novamente pela situação.
Repare que nos primeiros dois meses de 2020, o ato de cozinhar e adotar ingredientes naturais esteve ligado principalmente à recuperação do Carnaval, à culinária materna e combinado com outras práticas como exercícios físicos.
Enquanto, nos últimos dois meses, a discussão foi retomada com a quarentena. Com mais horas disponíveis, definir uma rotina de cuidados pessoais e identificar receitas e dicas tornaram-se imprescindíveis para manter uma mente igualmente saudável.
Aprendizado histórico e com seus semelhantes
Alguns países em estágios mais avançados na curva de contaminação da Covid-19 apresentaram um aumento no consumo de bebidas saudáveis pós-quarentena, como água, suco e iogurte. Uma ressignificação de cuidados pessoais e uma tentativa de adotar novos hábitos.
Aqui no Brasil, por exemplo, já conseguimos identificar um tímido aumento no volume de publicações que relatam intenção de compra de iogurtes e semelhantes desde janeiro de 2020.
Comparando os dois primeiros meses do ano com os dois seguintes, temos um aumento de 78% na média de relatos.
Considere as necessidades dos dois lados da moeda
Em contrapartida, nos últimos 60 dias, registrou-se também um pico de menções a comidas congeladas – uma solução prática para aqueles que não decidiram investir o tempo de isolamento na cozinha – entre os dias 17 e 20 de março, logo no início do período de confinamento.
Mulheres são responsáveis por 58% desse conteúdo e muitas vezes relacionaram a modalidade como a solução para falta de tempo no dia a dia e visavam opções menos industrializadas.
Humanize-se
Um dos futuristas mais renomados, Rohit Bhargava previu que a pandemia Covid-19 irá ressaltar a carência que temos pelo elemento humano, o contato e a proximidade, de tudo que é feito com cuidado genuíno e empatia sincera.
Nessa quarentena, ações que ressaltaram atitudes solidárias, companheirismo e em prol de um bem comum refletiram positivamente para as marcas que as fizeram: doação de cestas básicas, envio de álcool em gel ou até mesmo compartilhamento de conhecimento.