O Dia Internacional da Mulher exige uma análise especial da STILINGUE, uma vez que o ano é 2019 e pautas feministas estão em ampla discussão.
Por isso, “empoderamento feminino” é a expressão de ordem e redes de apoio para mulheres são fortemente divulgadas. No entanto, os índices de feminicídio batem recordes no Brasil.
Além disso, a mão de obra feminina, apesar de maioria, ainda sofre com discrepâncias salariais e o machismo segue enquanto um problema, de fato, estrutural.
A grande diferença entre homens e mulheres
A partir dessa diferença alarmante entre homens e mulheres no mercado de trabalho, a ONU Mulheres e o Pacto Global das Nações Unidas criaram os Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPS).
Sendo assim, o WEPS consiste em apresentar diretrizes que orientam sobre como delegar poder às mulheres na comunidade como um todo.
Segundo a organização, empoderar mulheres e promover a equidade de gênero em todas as atividades sociais e econômicas são garantias para:
- O efetivo fortalecimento das economias;
- O impulsionamento dos negócios;
- A melhoria da qualidade de vida (de mulheres, homens e crianças);
- E, também, para o desenvolvimento sustentável.
Princípios de Empoderamento das Mulheres
Por isso, nesse mês de março, a equipe feminina da STILINGUE realizou uma pesquisa, cuja premissa foi o Dia Internacional da Mulher. Desta forma, diante da necessária reflexão sobre as mulheres no mercado de trabalho, nos baseamos nos Princípios de Empoderamento da ONU Mulher. Portanto, utilizamos os termos chave abaixo para conduzir as buscas:
- Liderança;
- Respeito;
- Saúde;
- Educação;
- Empreendedorismo;
- Políticas de empoderamento;
- Questões sociais;
- Progresso no mercado;
- Feminicídio e seus universos.
Sendo assim, dentre eles, analisamos sua relação com:
- Empoderamento, assédio;
- Tecnologia e inovação;
- Ações publicitárias;
- Ongs;
- Manifestações;
- Dinâmicas;
- Vítimas;
- Representatividade na mídia;
- Capacitação;
- Atuação;
- Machismo;
- Desigualdade salarial;
- Serviços domésticos;
- Estupro.
O cenário é pior do que parece
Infelizmente, a pesquisa que propusemos mostrou-se mais alarmante do que imaginávamos!
Isto porque, o que de início poderia ser uma forma de promover a data, celebrando os avanços das mulheres nas lideranças ou destaques no empreendedorismo, tornou-se, mais uma vez, um momento de grande reflexão.
Apesar de alguns avanços positivos, os negativos se destacam com uma forma estrutural. Logo, o ano de 2019 que, para a esperança de muitos seria de mudanças positivas, para as mulheres, por sua vez, os primeiros 3 meses já contrariam essa expectativa.
A partir das palavras-chave determinadas pelos Princípios de Empoderamento Feminino, a “squad” feminina da STILINGUE entrou em ação e criou a análise abaixo.
Para tanto, comparamos de maneira minuciosa os conteúdos coletados durante a Semana da Mulher, entre os períodos de 04 a 10 de março de 2018 e entre os dias 03 a 09 de março 2019.
Com isso, queremos descobrir se estamos ou não caminhando para uma mudança da posição e do reconhecimento da mulher no mercado de trabalho.
A tecnologia em favor da mulher
Em 2018, foram coletadas 22.374 publicações com referência ao papel da mulher no mercado de trabalho. Posto isto, os canais mais utilizados para falar do assunto foram o Twitter, (25,1%), e portais (20,5%).
Já em 2019, foram coletadas 39.653 publicações, representando por volta de 77% a mais em relação ao ano anterior. Dessa vez, a predominância veio na atuação de portais com 38,3%, seguida por 17,8% do Facebook e, por fim, Twitter com 13,2%.
A internet como fonte de informações e comportamentos
Deste jeito, vemos que, em relação à “Distribuição de Gênero” a classificação por perfis foi composta por:
- Organizações (essas, são blogs, portais, canais ou qualquer fonte que, de forma geral, se classifica como organização, não sendo definida de forma binária);
- Homens e mulheres.
Além disso, destaca-se aqui que, os gêneros classificados pela ferramenta, são determinados a partir do direcionamento fornecido pelos próprios usuários.
Logo, em 2018, as organizações ocuparam o primeiro lugar com o total de 47% das publicações coletadas. Neste caso, os homens ficaram com 27% das publicações e as mulheres, em último, com 26%. Lembramos que os dados analisados foram apenas publicações classificadas por gênero.
Assim, em 2019, as organizações permanecem em primeiro lugar, com 43,6% das publicações. Em segundo lugar estão as mulheres, com 29% e, por último, os homens, com 27,4%.
O machismo estrutural em todos os lugares
Portanto, é possível visualizar o machismo enquanto questão estrutural, ao perceber que, mesmo com o aumento de publicações feitas por mulheres, em 2019, o número ainda é pouco significativo. Isto porque o número de homens publicando sobre pautas pertinentes às mulheres ainda foi muito grande.
Além disso, os termos mais usados por homens e mulheres no ano passado e neste ano são os mesmos, ou seja, “feminicídio”, “mulher” e “mulheres”, trazendo, por isso, a confirmação de que as mulheres ainda não obtiveram o devido lugar de fala.
A mulher precisa conquistar seu espaço: online e offline
Vemos que, ainda que as publicações possam ter vertentes diferentes, algumas com tons de deboche, outras com discurso de luta pró mulheres, são temas em que o sexo feminino deveria entrar em cena como protagonistas.
Portanto, quando se fala em protagonismo feminino, a importância da discussão trata do lugar de fala. Sendo assim, se o Dia Internacional da Mulher é um momento importante de homenagem e reflexão, nada mais esperado que as mulheres se mantenham à frente do objetivo da pesquisa. Isto é, sendo as principais fomentadoras desse tema, o que vimos apenas no ano de 2019.
De onde vêem os interessados pelo tema?
Também, partindo do parâmetro “localização”, ou seja, onde estão localizados os publicadores dos assuntos pesquisados, podemos concluir que há uma centralização das publicações em geral. Logo, alguns gráficos são capazes de identificar a região dos usuários que estavam com o geolocalizador ativado.
Dessa maneira, em 2018, 53,5% representam a maioria dos estados do sudestes, são eles:
- São Paulo (27,43%);
- Rio de Janeiro (16,17%);
- Minas Gerais (9,90%);
- A Bahia ocupa a quarta posição, com 7,40%;
- Os estados das regiões nordeste, sul e centro oeste somam o total de 44,48%;
- Assim, ao incluir outros estados, mesmo juntos, não se aproximam da porcentagem dos três estados do sudeste.
Já no ano de 2019 temos os seguintes dados:
- São Paulo e Rio de Janeiro se mantém nas primeiras posições do gráfico com 28,9% e 15,95% das publicações, respectivamente;
- Entretanto, Pernambuco, de quinto lugar, passa para a terceira posição com mais menções a assuntos relacionados ao empoderamento feminino, com 9,97% das publicações;
- Minas Gerais desce para sétimo lugar, com apenas 3,99% das publicações.
Consequentemente, a descentralização do sudeste nos gráficos abaixo, pode ser notada na comparação das datas. Sendo assim, espera-se que a tendência seja incluir, cada vez mais, as mulheres de todas as regiões do país dentro de pesquisas sob essa ótica. Com isso, o discurso disseminado nas redes pode se tornar cada vez mais plural.
Hashtags do Dia Internacional da Mulher
De acordo com as pesquisas, sabemos que a hashtag mais utilizada para destacar o tema em 2018 foi #diadamulher, a qual ocupou a primeira posição com 21,83%.
Além desta, as tags #diainternacionaldamulher, #empreendedorismo, #motivacao, #8m, #mulher, #mulheres, #8demarco e #feminicidio, aparecem no ranking, nessa ordem.
Então, em 2019, nota-se que as hashtags continuam aparecendo com mais repercussão nas redes sociais. Logo, a mais utilizada pelos usuários neste ano foi #diainternacionaldamulher com 20,54% das publicações, semelhante ao ano passado.
Também, foi perceptível a força com que a hashtag #8M ganhou espaço na mídia, incentivada por uma campanha internacional que viralizou a tag no mundo. Esta que, até então, ocupava a última posição do gráfico de 2018, em 2019 passou para a segunda posição com 15,66% das menções, seguido de #diadamulher, #mulher, #feminicidio, #queremosjustiça, #queremosresposta, nessa ordem.
Hashtags políticas
Portanto, comparando os dois anos, é possível notar que os termos coletados no ano de 2019 são relacionados a questões mais políticas como #queremosjustiça, #queremosresposta ou #elenão, referente ao novo presidente eleito no país.
Ademais, temos que: os dois primeiros meses do ano bateram recorde de feminicídio em vários estados; o assassinato da vereadora Marielle que, em 2019 completou 1 ano sem solução; e a vitória de um candidato que, por meio de declarações polêmicas sobre as mulheres polarizaram o país. Por isso esses são os possíveis motivos que identificamos para essa mudança de “tom” nas tags da semana das mulheres em comparação aos dois anos.
A evolução dos termos do universo ONU Mulheres
Nos dois anos analisados, observamos que o termo “liderança” aparece em primeiro lugar em menções, enquanto o termo “feminicídio” permanece em segundo lugar. Já em 2018, os termos “saúde” e “empreendedorismo” sequenciam o ranking de menções, enquanto, em 2019 os termos são “respeito” e “saúde”.
Assim, diante dos gráficos apresentados, podemos analisar que as menções ao termo “liderança” quando relacionadas aos termos “tecnologia”, “atuação”, “ações publicitárias” e “empoderamento” tiveram um aumento de citações na rede em relação ao mesmo período de 2018.
Além do mais, termos relacionados à “estupro”, “vítima”, e “assédio”, tiveram um aumento de mais de 100% na quantidade de publicações sobre o tema.
Em busca de liderança e avanço tecnológico por mais igualdade
Como podemos observar nos gráficos a seguir, a relação de “tecnologia” com “liderança” é grande. Portanto, ao comparar 2019 com o ano anterior, tivemos um crescimento de 55,1% de publicações sobre o tema.
Já em relação ao termo “feminicídio”, destacamos um aumento de publicações que citam os termos “assédio”, “estupro” e “vítima”, sendo que o último termo citado teve um aumento de 56% de 2018 para 2019.
Também houve um aumento considerável em relação às menções de ações publicitárias, tendo um aumento de 187,2%, em relação ao ano de 2018.
Por sua vez, em terceiro lugar em 2018, damos destaque para o termo saúde, que em 2019 caiu para 4º lugar no ranking dos mais citados. Então, nesse último ano dentro do tema “saúde”, o destaque vai para a relação com a tecnologia e ações publicitárias, onde o primeiro teve o aumento de 93,4%, e o segundo um aumento de 32,1% em relação ao ano anterior.
Vemos que, no ano de 2019, o terceiro lugar foi para o termo “respeito”, subindo 3 posições em relação ao ano anterior. Logo, os termos que são relacionados ao grupo são: “assédio”, “empoderamento” e “representatividade”. O termo “assédio”, por sua vez, aumentou mais de 100% em relação ao ano anterior. Entretanto, o empoderamento aumentou 45%, e a representatividade aumentou mais de 200%.
Feminicídio: antagônico no cenário de direitos e conquistas da mulher
Na semana da mulher, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, é esperado que borbulhem, nas redes sociais, publicações acerca desta data enquanto “comemorativa”.
Porém, em décadas passadas, a grande maioria dessas publicações eram apenas parabenizações as mulheres pela leveza, delicadeza, feminilidade, dentre outras.
Mas, com o passar dos anos e com o aumento da consciência do papel desempenhado pelas mulheres e a situação das mesmas na sociedade, o cenário ao redor desta data mudou.
Termos relacionados ao Dia Internacional da Mulher
Com isso, no período pesquisado em 2018, foram coletadas 22.374 publicações relacionadas ao Dia Internacional da Mulher, os termos “liderança”, “empreendedorismo”, “políticas de empoderamento”, “contexto social” e “progresso no mercado” dentre outros se destacaram em relação às demais.
Sendo assim, no gráfico de Termos Correlacionados, fornecido pela STILINGUE, podemos perceber que os termos como “dia da mulher”, “liderança”, “empreendedorismo” se destacam em 8,6 % das publicações coletadas.
Logo, tais termos, relacionados diretamente ao primeiro dos princípios propostos pela ONU, mostram que, na Semana da Mulher de 2018, a necessidade do aumento de lideranças femininas e a celebração do crescimento estavam em pauta.
Tal fato pode ser identificado mesmo que, segundo uma pesquisa de 2018, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de mulheres em cargos de liderança tenha diminuído 2% nos quatro anos anteriores.
Um termo que precisa sair das pesquisas
Também, o termo “homicídio” aparece em destaque dado a incidência do uso da palavra nas redes sociais, presente nas discussões quanto a crimes contra a vida de mulheres. Por isso, vê-se a importância de compreender a diferença entre homicídio e feminicídio, ou seja, assassinatos de mulheres cometidos em razão de gênero.
Desta forma, na amostra, “homicídio” reincide em 2% das publicações, sendo citado 449 vezes. O termo, por sua vez, se destrinchou em outros termos que se relacionam com a temática “violência contra a mulher no Brasil”, sendo eles “lei do feminicídio” e “mulheres brasileiras”.
Portanto, contextualizam e também justificam o aquecimento do assunto nas redes sociais: o Brasil possui a quinta maior taxa de feminicídio no mundo.
A violência contra a mulher
Na mesma semana do Dia Internacional das Mulheres, em 2019, quando eventos e manifestações (decorrentes da temática Semana da Mulher) se espalharam por todo o país, discussões como a violência contra a mulher e o feminicídio se destacaram não apenas nas ruas, mas também nas redes sociais. Sendo assim, esses temas se tornam perceptíveis ao observarmos a predominância de termos em destaque, como “feminicídio”, ”reflexão”, “violência”, “presidente” e “gênero”.
Por sua vez, no período entre os dias 03/03/2019 e 09/03/2019, foram coletadas 39.653 publicações, sendo que o termo “feminicídio” tinha destaque em 19,2 % das publicações. Como vemos, na amostra ele é citado 7.619 vezes, seguido do termo “Presidente”, citado em 5,5% das publicações. Além disso, é importante aqui, também, destacar o termo “justiça”, que aparece em 3% das publicações, tendo 1.199 menções dentro da coleta em questão.
Já em um relatório divulgado em 2018, segundo dados oficiais compilados pelo observatório de igualdade de gênero da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), ao menos 2.795 mulheres foram assassinadas em 2017 por questões de gênero, em 23 países da América Latina e do Caribe. Desta forma, considerando termos absolutos, o Brasil lidera a lista de femicídios.
Sendo assim, somente nos primeiros meses de 2019, Segundo destacou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), ao menos 126 mulheres foram mortas no Brasil. Além disso, foram registrados também 67 tentativas de feminicídio, ou seja, assassinato de mulheres em decorrência da sua condição de gênero.
A mulher no mercado de trabalho
Na semana do Dia Internacional da Mulheres, em que temáticas relacionadas à mulher são discutidas e celebradas em vários países, termos como “mercado” e “organização” ganham destaques, os quais se tornam visíveis também no gráfico de Termos Correlacionados.
Assim, “mercado” se faz recorrente em 512 publicações, bem como “organização” aparece em 473 publicações. Logo, o levantamento desses números constrói uma relação direta com a temática que sustenta nossa pesquisa: os sete pilares da ONU Mulheres em prol da igualdade de gêneros.
For fim, a última pesquisa divulgada pelo IBGE, em 2018, destaca que entre o terceiro trimestre de 2014 e o mesmo período em 2018 houve um crescimento de 9,2% no percentual de mulheres que chegaram ao mercado de trabalho, o que representa 4 milhões de mulheres “trabalhadoras”.
A busca constante por melhores oportunidades
Segundo a mesma pesquisa, com esse acréscimo em quatro anos as mulheres já representam 44,6% do mercado de trabalho. Ainda assim, o número de mulheres sem emprego é bastante elevado. Segundo o IBGE, do percentual de pessoas que procuraram emprego no quarto trimestre de 2018 (última pesquisa divulgada) 52,1% eram mulheres.
Na semana do Dia Internacional da Mulher do ano atual, o termo “salários médios” se apresenta enquanto uma novidade perceptível no gráfico.
Sendo assim, presente em 2% das publicações, na amostra apresenta determinada relação de contexto com a reflexão sobre a equidade de gênero no mercado de trabalho, tendo em vista que as mulheres continuam tendo salários inferiores ao dos homens na grande maioria dos cargos e das áreas de atuação.
Essa diferença chega a quase 53%, segundo pesquisa realizada pelo site de empregos Catho.
No mesmo período, curiosamente os termos “número” e “blitz” (indicados pela cor laranja na nuvem de termos) tiveram um alto poder de viralização nas redes sociais.
Entendemos essa viralização, pelo fato de, em março de 2019, o Rio de Janeiro, celebrou dez anos de existência da Operação Lei Seca e pela primeira vez o Estado tem uma mulher à frente do programa ; a delegada Verônica Oliveira assumiu a coordenação do programa após 18 anos de atuação na Polícia Civil.
A efervescência dos termos que permeiam as discussões nas redes sociais na semana da mulher é endossada pela – ainda distante – equidade de gênero, pela segurança da mulher e, também, pelo acesso igualitário ao mercado de trabalho.
Considerações Finais sobre o Dia Internacional da Mulher e o seu espaço na sociedade
Como pôde ser constatado nas análises apresentadas, as redes sociais se mantiveram como um excelente amplificador de pautas importantes para luta feminina frente ao machismo estrutural da sociedade.
Mais uma vez, destacamos a #8M ( e derivações) que, em 2018, teve uma divulgação pouco expressiva no país. No entanto, em 2019, as hashtags se consolidaram como uma importante forma de evidenciar as publicações brasileiras referentes ao Dia das Mulheres no Brasil frente ao cenário mundial, ressignificando a data como momento de luta.
A mulher ainda tem um longo caminho a percorrer
Apesar do aumento de menções positivas relacionadas a temas e grupos de palavras importantes para o empoderamento feminino, bem como para a promoção da equidade de gênero de 2018 para 2019, as menções sobre feminicídio também aumentaram de forma expressiva.
Portanto, quando, em meio a palavras importantes relacionadas ao empoderamento feminino, adicionamos o termo “feminicídio”, observamos certo rompimento do padrão. Tal fato poderia ter sido ignorado, mas os resultados se mostraram alarmantes demais para não darmos atenção.
A data proposta ainda é considerada, por alguns segmentos, como uma data comemorativa. Porém, por meio dos dados coletados, foi possível perceber que a realidade das redes vai na contramão da positividade atribuída ao Dia Internacional da Mulher.
As redes sociais como forma de manifestação
Logo, na atualidade, as redes estão sendo usadas de forma mais militante, como podemos observar no teor dados às hashtags comparadas em 2018 e 2019, atribuindo a elas uma nova forma de expressão e militância .
Tendo em vista os resultados apresentados na pesquisa, observamos avanços importantes. Logo, foram validados pela incidência de termos positivos relacionados ao empoderamento feminino como: as lideranças das mulheres, a inserção e o reconhecimento no mercado de trabalho, dentre outros que ressaltam as lutas diárias das mulheres do nosso país.
Sendo assim, percebemos também que, embora os avanços sejam visíveis, ainda há muito o que evoluir. Apesar de cada vez mais as mulheres estarem ocupando os espaços e os cargos predominantemente masculinos, ainda somos vítimas da violência e do preconceito que impedem a equidade de gênero.
Entretanto, seguiremos convictas de que ainda temos muito a conquistar em diversos ambientes, inclusive dentro do mercado de trabalho.
A luta continua
A rememoração Dia Internacional da Mulher, diante o cenário de avanços e lutas necessárias, adquire uma nova e importante narrativa, reforça assim, a necessidade de reflexão e, como mostram as redes, um momento de expressão às indignações frente à realidade atual.
A data em que outrora, foi dedicada à entrega de presentes, flores e de forma superficial, apenas tecer elogios às mulheres, já não é o bastante de acordo com as redes.
Mesmo diante de dados que mostram, de forma cruel, os altos índices de morte de mulheres, corroboram e retificam a ainda necessária mudança e progresso de direitos da mulher.
A ressignificação do Dia Internacional da Mulher surge em um importante momento em que as conquistas e lutas femininas por respeito e reconhecimento estão cada vez mais fortes.